segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Série Them : terror psicológico virou filminho clichê de terror?


Them: altas expectativas


Assisti à série Them, no Prime Video, e, em geral, gostei muito.

Quando fui ver, sabia que se tratava de uma série de terror psicológico, tendo o racismo como pano de fundo, então eu não esperava uma comédia romântica ou alguma redenção. Infelizmente, não achei exagerado, mas muito real. Eu me identifiquei em tantos momentos, como todo negro e negra vai se identificar. Doeu muito. E é exatamente por isso que comecei adorando a série: mexeu demais com coisas lá no fundo.
Temporada 1: racismo é terror real e implacável

Falo aqui da primeira temporada (2021), que foi especialmente impactante. Ambientada nos Estados Unidos da década de 1950, mostra uma família negra que, após um trauma, deixa a zona rural e migra para uma região urbana com predominância branca, tornando-se a única família negra do bairro,  que deseja expulsá-los a qualquer preço. Dentro do contexto da Grande Migração, é terrível mas compreensível o alto grau de racismo, que se torna a maior violência da trama.

Por ser um produto audiovisual, vale destacar que esse enredo forte é contado no ambiente lindo, colorido, limpo, plástico e artificial dos anos 1950, o que reforça o contraste com a violência que não permite indiferença em nenhum momento. Nesse aspecto contraditório, destaco a trilha sonora pontual e cirúrgica, que funciona como pequenas pontadas necessárias.

O conteúdo sobrenatural aparece desde o início, primeiro em flashes, depois com o surgimento de alguns "fantasmas", cada um ligado a um dos protagonistas. Eles representam um passado racista daquele lugar, ancorado em um imaginário religioso cristão de séculos anteriores, que separava “us” (brancos divinos) e “them” (negros malignos). É uma espécie de maldição que retorna quando o racismo já havia desgastado profundamente o psicológico da família. Ainda assim, nada se compara ao terror real dos episódios de violência racial extrema, que infelizmente sabemos não serem apenas ficção.

No fim, há uma luta e uma vitória possível, e a personagem Lucky, a mãe negra devastada por tragédias e traumas, é a única que encontra força para reagir e resgatar a família, entre mortos e feridos. É uma história verdadeira no sentido emocional, sem romantizar racismo ou sofrimento. Uma verdadeira aula de terror psicológico, tão intensa que muita gente comentou ter ficado um pouco traumatizada com o peso dos episódios. Eu dou nota 10 para a temporada.

Segunda temporada: clichês de terror 


"THEM": o medo -segunda temporada

O mais difícil de séries è quando se tem uma primeira temporada excelente e a expectativa da segunda é alta. No caso a história mudou , agora gira em torno da detetive negra Dawn Reeve (Deborah Ayorinde) que, em 1991 em Los Angeles, investiga uma série de assassinatos chocantes (cenas fortes de corpos deteriorados 😱)
Paralelamente, acompanhamos a história de Edmund Gaines (Luke James, que, sozinho ,salva a temporada!), um ator negro solitário  com dificuldade de encontrar papéis, por isso ganha a vida como personagem de parque infantil. Sem me estender muito, as tramas de Dawan e Edmund se encontraram, inclusive  na referência à primeira temporada que, infelizmente, merecia uma continuação melhor. Se na primeira acharam senso comum uma família perseguida por fantasmas;  nessa ,apesar do subtítulo MEDO ,o conteúdo é bem mais leve (eu achei, deu pra assistir tudo sem pausa pra recuperação),o  racismo é bem mais leve, e o terror psicológico virou um roteiro de filme de terror dos anos 1980, com vários clichês : seriam kiler, psicopata, exorcismo, decapitação, terror com brinquedos e palhaços palhaços : Tudo junto ! Dela só destaco novamente a atuação de Luke James, que quase até o fim, eu não sabia se era bom, mal, farsante ou vítima! Cada olhar era  uma surpresa! Muitas palmas a ele, porque o resto é apenas um exemplo de como destruir uma ideia fantástica, como a da série Them.




domingo, 30 de novembro de 2025

Novembro terminou com Terreiro de Crioulo e 18 anos de Partideiros Maria Zélia


 Relembrando 2024 ,terminei um mês desafiador como novembro curtindo samba no sábado e no domingo no Maria Zélia. Quero renascer com a energia do Natal ! E nada melhor que um samba pra isso !

Prendi a guilanda e fui sambar bem natalina 
Vestindo estampa Daschiki ♥️





Comecei no sábado com o "Terreiro de Crioulo": tudo de bom, gente bonita, samba dos melhores, amei como sempre.

O samba estava legal,mas um pouco diferente...meu querido Abel do bandolim não veio, o que pude ter causado uma mudança no repertório, talvez ...mas o Geleia e o PH estavam lá . Foi ótimo curtir o último Terreiro do ano no MZ.

Algumas fotos 



Só porque comi churrasco com. Mel, há valeu super !


Domingo foi mais um aniversário dos Partideiros do Maria Zélia. Dezoito anos ... E eu sempre lá, como é bom pertencer, né? Fui toda de verde, espalhando esperança 

Me achando kkk

Como sempre foi uma delícia ir a festa desse samba que eu frequento e tanto amo ! Reencontrei tanta gente e bebi chop de vinho. A vida presta 


Alguns registros de reencontro: como é bom pertencer 💚





Amei muito 2025 no SAMBA!

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Anne with an E e eu ♥️


 ANNE SHIRLEY-CUTHBERT or Just  ANNE WITH AN E 

Alguém me perguntou se eu não achava Anne parecida com alguém ! Fui assistir e achei essa pergunta muito "auspiciosa", como ela mesma diria 🤣😂

Essa menina falante é uma Camilinha tagarela e encantadora 💞

domingo, 23 de novembro de 2025

"Nosso sonho" (2023), Eduardo Albergaria


NOSSO SONHO (2023): Assisti ontem na Netflix. É uma cinebiografia que não é tão esteticamente trabalhada quanto alguns filmes mais recentes; este é bem popular, assim como os homenageados. O enredo é meio bobo, mas ADOREI! É um filme FUNK MELODY, do subúrbio carioca, preto, sem “palmitagem”, muito comunidade, família, “salve simpatia”! Me diverti muito e amei as músicas — quem não canta junto?


Especialmente “Nosso Sonho”, que, além de contar bastante da história de Claudinho e Buchecha, nos leva pelo circuito dos bailes funk nas comunidades:


"Na praça do Playboy, ou em Niterói;No Fazenda, Chumbada ou no COI; Quitumbo, Guaporé, nos locais do Jacaré; Taquara, Furna e Faz Quem Quer;Barata, Cidade de Deus, Borel e a Gambá; Marechal, Urucrânia, Irajá; Cosmorama, Guadalupe, Sangue-Areia e Pombal; Vigário Geral, Rocinha e Vidigal; Coronel, Mutuapira, Itaguaí e Saci; Andaraí, Iriri, Salgueiro, Cariri; Engenho Novo, Gramacho; Méier, Inhaúma, Arará;Vila Aliança, Mineira, Mangueira e a Vintém;Na Posse e Madureira, Nilópolis, Xerém!"


UAU! No final da sessão, pensei: “Quem não quer ter um ‘amigo anjo’ como CLAUDINHO?”



 

domingo, 16 de novembro de 2025

Anos-Luz : ficção científica no Prime

 


Anos luz (night sky) é numa série de ficção  científica e drama norteamericana fofinha que assusti no início de novembro. Como só tem uma temporada disponível no Prime vídeo, foi rápido e tranquilo 

Conta a história do casal de idosos Franklin e Irene que vivem tranquilos em uma casa isolada no interior dos EUA, mas guardam um segredo : mantém um portal para outro paneta em seu quintal. Tudo muda quando surgem outros personagens, a neta Denise, o forasteiro Judi para discutir questões humanas e segredos de família . Um portal semelhante também existe em uma igreja nos Andes argentinos, vigiados por Stela e sua filha Toni.A ligação entre esses dois portais não é explicada, talvez haja nova temporada...


Esteticamente não é nada de encher muitos olhos, o portal e o  "outro planeta" são  bem rudimentares mas também não é feia 

Embora tenha personagens muito ruins ou mal construídas (o vizinho inconveniente, a neta que no começo é uma pequena gênia bem sucedida, depois fica perdida e sem funçao na trama )A narrativa de Irene e Franklin é muito fofa, enterneceu meu coração, mas agora vamos aguardar segunda temporada para rever nossos velhinhos.

Alguns fotos

Essa mensagem Jude, personagem de passado misterioso,encontrou num livro que pertenceu ao seu pai. Segundo a IA, o alfabeto é inventado, mas segue um padrão aparente do hebraico. Talvez Jude seja judeu?

r
Essa linda foto é uma imagem do Planalto Andino na Argentina , com seu rebanho de lhamas que aparece na série Anos-luz. Não sei se  é imagem real ,mas é bonita. Também não sei ainda se gosto  da série, mas sei que, pelo menos, a passagem de um escuro porão nos EUA, para a paisagem andina  deslumbrante, com matizes de cor pastel nas montanhas, rendeu um bela foto.



quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Um "portal" no metrô Clínicas

 


Um "portal" na parede da estação Clinicas, do metrô de São Paulo 

Acho que ando lendo muito Murakami

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Caçando carneiros: Murakami em formação?

              

 MURAKAMI EM FORMAÇÃO :​Chegando às páginas finais de "Caçando Carneiros"(1982), confesso que já não aguento mais a narrativa. Gosto muito  da obra de Haruki Murakami, mas, neste volume, embora a escrita mantenha pontos de luz e já estejam presentes os traços estilisticos que eu mais gosto , a história é excessivamente longa, fragmentada em um  enredo que caberia em pouco mais de 100 páginas, a exemplo de outros trabalhos seus mais enxutos.

​A sensação que tenho é a de estar diante de um esboço, uma obra em que o autor experimenta, de forma até humorística, a composição de personagens e da estrutura narrativa. É quase um longo manuscrito. Como apontei acima, elementos-chave de seus textos  mais envolventes — e que eu mais amo — já  surgem aqui de maneira bastante crua, quase como rascunhos : o realismo fantástico; o tom onírico e surrealista; a música como marcador de tempo e ambiência; a abertura para outras dimensões da realidade e a reflexão sobre  a solidão do homem moderno. 

 Para o leitor que já conhece seus trabalhos posteriores, esta leitura  funciona como um autêntico documento de formação, pontuando o potencial de evolução  que Murakami, como autor, vai desenvolver  e concretizar plenamente em suas obras maduras.


A música é por este trecho "luz" : 

 " A neve continuou a cair até o fim da tarde, cobrindo toda a campina num único manto branco. Quando a noite chegou, a neve enfim parou e uma espessa névoa de silêncio aproximou-se uma vez mais. Um silêncio que eu não conseguia quebrar. Acertei o toca-discos na repetida automática e ouvi White Christmas, de Bing Crosby, VINTE E SEIS VEZES consecutivas."p. 296