Sou APAIXONADA POR CINEMAS AFRICANOS, por tudo, mas os CURTAS são demais! Poderia assistir várias horas, dias, interruptamente! Tão cheios de conteúdo, de poesia, de sons, luzes e janelas! Me acabo. Um dos 5 eu já tinha assistido e comentado, então vou falar um pouco dos outros 4 filmes com a temática da memória.
Um cemitério de
pombos Nigéria, 2018, dir.Sultan Sangodoyin
Esse eu já tinha visto, a imagem do cartaz é retirada dele, é um filme extremamente poético, o filme trata das memórias de uma história de amor vivida por um adolescente com uma pessoa mais velha. Neste link eu inseri imagens poéticas e até transcrevi a bela carta de amor que se lê, um dos filmes africanos mais esteticamente bonito que conheço.
Invisíveis Namíbia, 2019, dir. Joel Haikali
O filme mostra o encontro de um homem e de uma mulher, visivelmente sofrendo por traumas e perdas, que tentam se ajudar na caminhada da vida. Interessante é que eles estão juntos, mas ao mesmo tempo sempre sós. Ela com as cicatrizes do auto açoite que cometeu, ele com as cinzas de alguém que morreu. Cheio de imagens poéticas e fortes, começa com gemidos de prazer e às vezes chegam a ser de dor, e imagens de escuridão da mulher, que se chicoteia lembrando de um Jesus negro crucificado. Algumas imagens:
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Lembrança e culpa |
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Imagem ao som de gemidos femininos |
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Caminham juntos, mas separados |
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Possivelmente culpada, ela se sente afogando |
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Auto açoite |
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Bela imagem: Sob o mesmo Sol, mas cada um em seu Baobá seco |
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Ele, enfim, joga as cinzas no solo do deserto |
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Que cena! Juntos, mas cada um na sua dor |
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Tentam se acolher, mas sem contato |
A lutadora de boxe , Senegal, 2016, dir Iman Dijonne
Um filme bem impactante, conta a história da cabeleireira Adama, de mãos ágeis para trançar, cortar e pentear os cabelos. Um dia ele é atropelada por uma moto e o motociclista deixa cair uma mochila onde de encontra um par de luvas de box. Seu amigo sugere que ela venda pois tem os braços muito finos para lutar, mas ela deseja ficar com as luvas, veste-as e a partir dai não tem mais controle de nada, as luvas pesam, ela tem a necessidade de reagir agressivamente (ela chega a quebrar um espelho na rua), de correr, de fugir. Sai vagando pela cidade e,num misto de sonho e realidade, tenta sem sucesso retirar as luvas, em brigas com ela mesma e vai encontrando pessoas: um ex lutador que afirma ter lutado com essas luvas toda a vida e aposta com ela a posse do par, mas ao final era só um sonho; um vendedor de óculos que a pede em casamento, mas antes que ela aceite ela vai ter que tirar as luvas para não acharem que ele é abusador; uma mulher que estava de passagem no zoológico e que consegue tirar as luvas das mãos dela; mas ela não quer, não pode mais se livrar das luvas. A cena final é a da grande luta da sua vida, com ela mesma. As imagens:
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Mãos ágeis no trançar |
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Fico com elas |
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Acha o par de luvas |
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"Lutei com ela toda minha vida" |
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Quebra o espelho |
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Jogam pelas luvas |
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"Seja minha esposa , somos perfeitos juntos"
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Vida segue, com luvas |
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Vai embora, com os óculos
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Com o macaco
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Na escola de Box |
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Luta consigo mesma |
Treino periférico Portugal/Guiné Bissau, 2020, dir. Welket Bungué
Um filme sobre a comunidade diaspórica, dois negros que vivem em Portugal treinam , conversam e dançam. O filme traz algumas das tendências do cinema africano contemporâneo como a presença da dança contemporânea. Talvez por não se passar em África, ou pelo forte sotaque lusitano, eu fiquei um pouco entediada com ele. As imagens:
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Epígrafe
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O tempo
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Protagonistas lindos |
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"Às vezes eu tenho vontade de sair por ai e dançar" |
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"sair por ai " |
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E dançar |
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Fim |
Bablinga , Burkina Faso, 2019 dir Fabien Dao
Na história ficamos sabendo da história de Moktar, um belo imigrante burquinês na França, certa idade, que teria um bar, ou trabalharia nele, e sonha com o dia voltar à sua terra natal. Ele sofre com as dores dos imigrantes: tem saudades, mas tem culpa, de ter saído, de não ter escrito tanto aos seus, em um momento chega a se desculpar "Desculpe meu silêncio, mas na França não é como em casa, o tempo passa mais rápido" . Muito interessante que as figuras nos muros do bar são animadas, se misturam com pessoas reais e lembranças, falam com ele, ouve-se música. É u filme muito bonito, musical e colorido, mas traz no sei centro uma das grande questões do cinema do africano que imigra, desde o Sembéne: Vivo na França, não sei me desligar daqui porque tenho muita culpa, mas minha casa sempre será Burkina Faso. O que fazer? As imagens:
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A imagem do imigrante! |
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