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| Namorando o livrinho |
O livro apresenta o posfácio "Retirando a venda dos olhos " (nada mais lygiano do que isso!), escrito pela professora e escritora Noemi Jafe, onde a analista lembra que descobrir é também retirar as vendas e a coletânea mostra momentos onde isso acontece com narradores tão jovens, em textos com linguagem contida, sem transbordamento,Lygia consegue transmitir a dor do conhecimento do amor,da morte, da solidão, da traição e da frustração de forma certeira.
Dos cinco contos - Herbrarium, O menino, O segredo, O gorro do pintor, A rosa verde", os dois primeiros eu já conhecia e amava. O primeiro, o belíssimo "Herbrarium", fala sobre a descoberta do amor de uma jovem por um homem mais velho e eu já linha comentado AQUI ; o segundo, " O menino", é bem lygiano no sentido de desmascarar crueldades em trechos simples do cotidiano e fala sobre como um menino enxerga a verdadeira face de sua idealizada mãe em uma reveladora ida ao cinema , como comentei AQUI
Os outros três foram descobertas para mim... E como são escritos por Lygia, minha preferida, foi uma grande experiência conhecê-los.
Em "O Segredo", uma menina vê o mundo. das prostitutas revelado pelas frestas de uma casa proibida, que só lhe acolhe em segredo absoluto, na qual todo o ambiente lhe é ambíguo e em constante mutação, como deve ser o mundo todo para os olhos de quem está nessas primeiras fases da vida.
Em "O gorro do pintor", Lygia volta ao tema da metalinguagem para explorar as diferenças e semelhanças entre ficção e realidade, tema enfrentado pela menina que primeiramente leva o drama do teatro a sério demais,até perceber que ele também pode lhe ser proibido. Muitas coisas são proibidas pra crianças ou adolescentes.
No último conto, o melancólico "A rosa verde", os temas são a morte, a loucura e a velhice, vividos e narrados com simplicidade por uma narradora órfã, que oscila entre o luto pelos pais, a loucura do tio e a velhice solitária e amarga da avó. Dessa experiência a menina encontra um respiro na aproximação do mundo poético do avô, que insiste em cultivar uma rosa verde, que segundo Jafe, seria uma metáfora da própria literatura.
Nesse belo livro encontramos gotas do que há de melhor na Literatura nacional,contos de Lygia Fagundes Telles.



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