Bom, é matéria de revista, mas é a primeira em mais de uma década que leio a Revista Pesquisa a abordar, a partir de Jobson, questões de Teoria da História. Lembro tão bem que, na minha semana de caloura em 1999, Jobson falou e distribuiu um texto sobre teoria que, claro, era ininteligível para mim (saída do vestibular...).No livro que ele etá publicando agora, o professor propõe um diálogo entre teoria e prática no cotidiano do historiador (isso Elias está praticando faz tempo, e eu na sequência...); ele também fala da necessidade de diálogo entre a macro e a micro história (algo que Ginzburg já refletia em seus primeiros textos sobre a Micro História ), enfim, nada de muito novo no front, mas a entrevista tem belas citações:"Nem só a retórica teórica se exercendo no vazio; nem somente a pletora de experimentos práticos sem uma costura teórica que os ilumine, pois a interpenetração de teoria e prática conduz ao logos, isto é, à razão compreensiva " J.J.A.A.
Isso não seria outra forma de colocar o grande método do Saliba, que me formou como historiadora e aposta na leitura dos movimentos da história no cruzamento entre "subjetividade epistemológica" e "objetividade metodológica " ... enfim, essa é minha caixinha;. Leia a matéria neste link.
"A ilustradora infantil da Bélgica Thaïs Vanderheydenlançou o photo book chamado Big Art For Little Kids, que traz releituras de cerca de 30 quadros famosos para crianças começarem a apreciar arte.
Os quadros ganham animais no lugar de pessoas e se tornam um pouco mais alegres, mas mantém os cenários e estilos de cada pintor."
Dia 22 de fevereiro, domingo, terminei minha semana musical, de um mês curto, mas que eu recheei de sonoridades ... assisti o show do Talvito , mais uma aventura... Sai bem antes de casa, a ideia era confraternizar com a mineirada antes do show, como boa mineira postiça ...mas isso não estava nos planos do meu destino ... demorei uma hora para conseguir chegar no Metrô Barra Funda e nos shows do Sesc não podemos entrar atrasados e tal...bateu meio que um desespero, ai eu lembrei que eu moro na cidade mais colhedora do mundo: os paulistanos me acolheram, me ajudaram, me deram dicas, um ônibus inteiro me deu conselhos de como eu poderia chegar no meu destino a tempo, e até uma moça quis me acompanhar até a minha estação, fazendo previsões certeiras de quantos minutos eu ia levar até a estação Belém! No fim cheguei no Belém 17:55 e se não conheci nenhum mineiro ou mineira, mas amei ainda mais os paulistanos que são, sim, muito acolhedores! No final, ainda bem que deu tempo de eu chagar no show ... foi bem emocionante, o público bem das antigas, querendo curtir um rock rural rsrs, aquilo tudo era o registro de tantos anos vividos, gerações ... Tavito até tocou umas homenagens ao Clube da Esquina, eu adorei, claro! Mas ele tinha aberto um grupo no Face sobre esse show e eu entrei, não sabia muito bem como funcionava isso, mas postei no grupo que, mesmo sabendo que era outro contexto diferente do do show do Som Imaginário no ano passado, mas eu gostaria de ouvi-lo tocar Feira Moderna novamente ...emocionante porque muitos curtiram e apoiaram, haja visto que dias depois ele disse que essa música já estava no programa do show... mas mesmo que não tivesse, eu não ia perder e tal... Ai, quando ele foi tocar a música, mencionou que foi atendendo a um pedido de alguém que devia acompanhar sua carreira há tempos, então ele só podia retribuir tocando ! Eu disse: eu pedi! rsrsrs Imagina se eu não chego a tempo e PERCO FEIRA MODERNA TOCADA PARA MIM! Nunca! Muita emoção gente ! Meu coração é mineiro, mas amo demais ser paulistana e morar nessa cidade onde TEM AMOR SIM, CRIOLO! Ontem ouvi Feira Modera com Tavito e banda, aqui temos a versão com o Som Imaginário, que segundo o Tavito, mandando a humildade ás favas, é o melhor grupo musical jamais criado rsrs
No dia 21 de fevereiro de 2015, sábado, assisti a um concerto de música instrumental, que coisa maravilhosa, biscoito fino para me alimentar de qualidade e sons para depurar meus ouvidos ...
O show era do Jacques Morelembaum e do Chico Pinheiro (não aquele famoso, era um jovem e talentoso compositor e arranjador ... de babar), mas o Jacques trouxe também os excelentes músicos Lula Galvão no violão (eu queria apalaudi-lo de pé em cada solo... nem gosto de violão, como sabem kkk) e o Rafael Barata na bateria ( que bateria era aquela, queria abraçar o cara .. ele tira todos os timbres daquele instrumento!).
O repertório tinha muito Tom Jobim, claro ... tesão de som:
Chico Pinheironem barba tem, mas tem composições belas ... e fez arranjos sensacionais, que vão de música americana da década de 1930 até Jobim e para a rã, do João Donato :
Lindo documentário, com sensacionais imagens de época e permeado de bom violão.
A melhor parte é quando ele fala das raízes africanas nos afro sambas e porque tinha que ser ser um samba mais escuro, mais uma espécie de samba - lamento ...
Outro ponto interessante é que o documentário aborda muito as influências africanas, o final da vida de Baden, um cara já tranquilo, recordado os tempos de festas e folias, mas não fala da divulgada conversão ao cristianismo que o teria feito renegar essa matriz afro de sua obra.
Será mesmo? Ainda tenho dúvidas em relação a isso... Mas o Baden tentou falar sobre isso aqui, mas ele veio para confundir, não para explicar ...
Ontem, no show, Salmaso explicou que, antes da dela, a única gravação de " Rancho das Namoradeiras", parceria de Vinícius de Moraes e Ary Barroso,era a de Angela Maria, ai Salmaso comentou que na primeira gravação tinha a participação de um coral de garotos, como se fossem anjos que observavam tudo ...
Eu achei essa gravação ... adoro a internet ... Clique aqui, para ouvir um pouco da história da canção popular no Brasil!
Porque tem partcipação da Salmaso, comprei esse mimo de disco ontem: é do jeitinho que eu gosto : instrumental brasileira de primeira linha!Emoticon smil Em alguns momentos, me lembrou muito a sonoridade da Orquestra Popular de Câmara, mas fortes especificidades! Mais que recomendo! Dá para ouvir na rádio UOL clicando aqui.
Em pleno carnaval assisti a um dos shows mais emocionantes da minha vida:
Gente, o que é um show da Mônica Salmaso cantando um inusitado Vinicius de Moraes ?
Ela explicou que a ideia desse show surgiu quando, em 2013, no centenário do poetinha, ela foi convidada a cantar Vinicius mas sem serem parcerias com Baden Powell (a dos afrosambas);Tom Jobim ou Chico Buarque ...ai ela teve pesquisar mais sobre as composições dele, e então descobriu coisas inusitadas! Muito emocionate...
Chorei do começo ao fim... e olha que nem teve nenhum afrosamba com o Baden... mas teve A Arca de Noé, lindamente ela cantou São Fanscisco e esse arranjo sensacional de A CASA (a música que melhor representa o que eu chamo de infância) com flautas, piano etc, bem infantil :
... eu achei que foi covardia ... só lamentamos que, no final, ela não tenha vendido nada que ela fez com Vinicius e a gente queria mais, claro !
Ai como é com assistir os sensacionais shows no SESC, amo amo amo os shows no Pompéia... Mais sobre Salmaso canta Vinicius achei no blog do Nyldo Moreira, que copio aqui : "Mônica Salmaso canta o universo de Vinícius de Moraes
Nyldo Moreira
Um palco todo preparado para um pequeno concerto, de sopros, piano e uma voz que rebate a seda e exalta como flores desabrochando exibindo o som da abertura de suas pétalas ao tocar da sensibilidade do vento. Mônica Salmaso despejou, na última terça-feira (28), no palco do Theatro NET SP, as salivas de Vinícius de Moraes em notas. O show, ao lado de Teco Cardoso (sopros) e Nelson Ayres (piano) distribuiu a bossa em uma melancolia lírica.
Mônica rasgou o palco escancarando o endereço de Vinícius de Moraes, sim... Vinícius sempre morou na música. Seus olhos penetram nas pautas e mantém o homem em gole a gole de uísque ainda vivo. Costurando parcerias com Tom Jobim, Carlos Lyra, Chico Buarque, Ary Barroso e Francis Hime, Mônica foi embebedando o público com o sulco licoroso de sua voz serena e que parece encontrar finos espaços para deixar a boca. A cantora interpreta com o timbre canções que já empoeiravam e outras que domaram as rádios brasileiras.
Ela ousou duplicar a interpretação, que antes era de Ângela Maria, e genuinamente entregou-se ao "Rancho das Namoradas", parceria de Vinícius com Ary. "Olha, Maria", da parceria com Chico, escorreu pelos dedos como um pranto que não se pode segurar. Aquelas que a gente fica cantarolando por ai também encontraram na voz de Salmaso um jeito diferente de esboçar a bossa. "Derradeira Primavera" e "Coisa Mais Linda" foram doses homeopáticas que perduraram lindamente no silêncio do teatro.
Foi uma bossa autoral, descaracterizada, sobretudo no piano, para que encontrasse na voz da cantora um aconchego clássico e perdurasse suas características no que saia dos sopros. Fazia falta alguma nota das partituras reais esculpidas pelo piano da bossa nova, mas Mônica calava essa falta com a voz que delineava nossos ouvidos.
Os trabalhos da cantora parecem completar o anterior, seguem uma mesma linha de produção, como se andassem juntos. Isso, de repente, causa uma sensação de ouvirmos a mesma coisa e, ainda que com outro repertório, a impressão de que sua voz entoa as mesmas canções permanece. Os arranjos distinguem-se muito bem, mas os elementos utilizados pela artista não são renovados. É um estilo que ela adotou, e isso tem muito a sua beleza."
Como sabem, estou sendo uma leitora apaixonada de Cortázar, não é? Ele e a vida literalmente em movimento está me sensibilizando muito... tanto que nesse fim de semana, voltando de um sensacional show do Tom Zé, peguei o metrô até a Barra Funda, me sentei e uma estação depois entrou e ficou em pé, perto de mim, um jovem rapazinho com a camisa do SPFC, time que tinha jogado aquele dia e tal. Era um moço muito tipo são paulino mesmo e não se sentou no assento especial, preferiu ficar em pé, até que apareceu uma senhorinha falante, com sotaque espanhol, ele então abriu espaço para ela se sentar no assento especial. Ela começou a conversar com ele, que respondia sempre com muita paciência as perguntas que ela fazia, isso foi algo que me chamou a atenção. Eles dois iam desembarcar na República e ela pediu que ele abrisse o caminho para ela sair, quando ele foi fazer isso ela, que poderia ser uma espécie de reencarnação feminina de Cortázar, se virou para mim e perguntou: "esse moço é bonito, não achou?" rsrsrs
Eu confirmei: Sim, muito bonitinho! E ela: vocês tem que se comunicar mais, não é?
Ai o trem parou e eles desceram conversando animadamente (muito provavelmente ela comentou com ele que eu tinha confirmado que ele era bonitinho, mas ele não virou nenhuma vez para mim... acontece, não era para ter sido). Mas a noite não tinha acabado, ainda. Na Barra Funda eu fui pegar um táxi para casa, não era nem meia noite (eu ainda não tinha virado abóbora) e eu queria mesmo era voltar para casa e desfrutar de toda a energia que Tom Zé tinha me dado... no ponto de táxi havia uma moça loira sentada, esperando e assim que eu perguntei se os táxis estavam demorando muito ela me respondeu: olha ele ai...
Eu perguntei primeiro a ela: você não vai? Ela fez que não com a mão e eu agradeci e , enfim, olhei para o taxista, que já me perguntava, como se precisasse dessa informação para confirmar se ia ou não me levar: "vai para onde, moça?"
A questão é que, assim que eu olhei para ele - que estava realmente preocupado com outras coisas - senti um grande baque: o cara era jovem e LINDO! De uma tal forma que minha reação foi absolutamente inusual para mim: abri a porta traseira (eu sempre gosto de sentar na frente, ao lado dos taxistas, porque eu sou conversadeira - o que faz com que eles achem que eu tô dando mole, e os assédios se repetem sempre, independente das cidades -, mas eu me retrai muito essa noite. Expliquei o percurso e mantive um silêncio brutal, porque estava sentindo muitos estímulos simultâneos que me calaram (coisa muito inédita): além de jovem e bonito, ele também era cheiroso e ouvia um som totalmente inesperado para mim : Hip Hop...
ia ouvindo a música e sentindo tudo que estava acontecendo, uma piração total... deve ter demorado muito (sei porque já estávamos bem longe da Barra Funda) quando ele, enfim, falou comigo, queria saber se eu voltava do trabalho (rsrsrs de decotão, as 23:00, só se fosse um trabalho um tanto alternativo, né? rsrs) . Respondi tranquilamente, ainda que ele tenha me tirado de uma espécie de transe ... olhei as mãos, sem aliança (básico de taxistas), ai ele perguntou com quem eu tinha ido ao show, e quando eu disse que fui sozinha, e ele se surpreendeu... eu então fiz a única pergunta da noite: "você passa a noite trabalhando agora? ... Ele respondeu que sim, que não costumava trabalhar de noite, mas estava fazendo uma hora extra por causa da inflação e como não ganhou na Mega Sena, nem se casou com uma mulher rica... eu só pensei: como eu queria ser rica agora! Fiquei com peninha do moço, ui ui rsrsrs
Enfim parei em casa, já devia ter virado abóbora, mas , ao contrário do são paulino bonitinho, fiquei um tempão olhando o táxi ir embora com o homem mais interessante que eu tinha encontrado aquela noite, sem dúvidas.
Em 25 de janeiro de 2015 eu ganhei de uma grande amiga um dos presentes mais especiais da minha vida: um retrato de Guimarães Rosa feito a lápis! Tem coisa mais a cara de Camila? Emoticon heart Vou pendurar no quarto Emoticon smile Viva Rosa! Viva a amizade verdadeira!
Além do retrato de Rosa a lápis,me encheram de mais mimos... em uma caixinha linda, embrulhada em um papel de presente de rosas versão HARD, eu encontrei uma porção de Trident de Melancia e o livro de Wittgenstein Ludwig da coleção OS PENSADORES , que foi como uma assinatura: foi a Mirella que eu o presente (só podia). Adorei tudo, tudo, vocês imaginam, não é? Mas o mais importante foi mesmo regatar o contato com ela, depois de muitos percalços sérios e duros que nos manteve distante para além das nossas vontades o que me fez chorar tanto, pensando que talvez eu pudesse nunca mais voltar a vê-la, poder encontrar essa grande amiga lá, cheia de amor para mim... isso não tem preço! Me senti muito, muito amada, logo no primeiro mês do ano!
O show do Tom Zé que assisti esse fevereiro , ao contrário daquele de novembro de 2014, foi um clássico show do Tom! Com muitas piadas, muitas gracinhas (usou até uma calcinha!), músicas clássicas do repertório dele e terminou com Xique xique... que saudade! Depois de tanto tempo ele tocou até Ogodô, que era meio que uma vinheta dos seus shows ... Como eu amo Tom Zé Emoticon heart
ANDO OUVINDO MUITO BOB MARLEY (só isso, ok?) porque acho o som muito bom e me lembro desse trecho do romance de Schertenleib, mas acho que não sou (ou não estou) tão sensível a ponto de me "mover de maneira mais mole e leve" (rs), mas que é um alívio sonoro, isso é ... e ai, nada é tão sério assim, sacam?
"Por reggae eu nunca tinha me interessado, nem mesmo durante meus anos de haxixe; naquele tempo, eu ouvia um complicado jazz rock, que andava no encalço de meus pensamentos como o cão faz com o gato. O riso sardônico que se escancarou em meu rosto quando toquei o CD de Marley pela primeira vez me mostrou que eu havia encontrado o que tanto tempo estivera procurando: sossego, serenidade. Não ouvia mais nada diferente, apenas reggae; comecei a me mover de uma maneira mais mole, leve, enquanto meus ossos pareciam mais pesados, mais arredondados. Tornei-me o flâneur sereno a vaguear dentro da própria casa. Deixava o telefone tocar, desliguei a secretária eletrônica e acompanhava com o ouvido as batidas desaceleradas do meu coração.
Será que todos os papagaios odeiam reggae? O papagaio Vian em todo caso se punha a dar gritos estridentes e pulava para cima e para baixo batendo as asas assim que começava a tocar Bob Marley. Como isso, no caso, acontecia praticamente dia e noite, o pássaro levava uma vida difícil : o que mais lhe agradava era estar no alpendre ao lado da porta de entrada, lá ele se via a salvo de Marley. E eu de seus berros. Comecei a usar a porta dos fundos para evitar o pássaro magoado e seu olhar triste. A mim a música fazia bem. Eu sorria, zombava. Sem razão? Isso é coisa para os outros quebrarem a cabeça, dizia a mim mesmo e, com minha alegria, deixava perplexos vizinhos incapazes de desfrutar da sua."
Hansjörg Schertenleib "A orquestra da chuva", p. 73-4
https://www.youtube.com/watch?v=duDYz9L5JTA "O Acalanto, esta canção, é uma canção nascida de uma velha cantiga de ninar que eu aprendi na minha Bahia, desde criança. Talvez os meus avós, os meus pais certamente foram ninados com esta canção, com este acalanto, então eu fiz, aproveitando este acalanto do Boi da cara Preta , fiz o acalanto, isto ninando a minha filha Nana, a minha primeira filha, e numa noite feliz, porque saiu uma canção doce, bonita, como um canto de ninar, uma canção de ninar. Então o Acalanto é uma canção muito terna pra mim e que não só lembra a minha filha pequena, como meus outros filhos, meus amigos, meus netos, filhos dos meus amigos e todas as crianças da minha Terra QUE EU DESEJO QUE SEMPRE TENHAM ALGUÉM PARA CANTAR UMA CANÇÃO DE NINAR." Dorival Caymmi