terça-feira, 31 de março de 2009

O ENCONTRO DE RIOBALDO COM O MENINO

Eu postei muito sobre esse pedaço do Grande sertão: Veredas no meu falecido blog Tutaméia, depois a vida foi seguindo outros rumos e eu não parei mais para reler o texto ...mas a gente sempre volta ao texto que falou a nossa alma, por isso voltei ...

Já tinha comentado a opinião do meu mestre Willi Bolle sobre esse trecho, descoberta do medo, da coragem e do amor, simultâneos e misturados, porque no amor é preciso ter coragem, já que não há garantias, é uma grande aventura. Um dia encontrei um moleque que se dizia apaixoando por mim, certo, mas eu percebia nele uma necessidade de garantias que julguei (com razão) serem infantis demais pois era reação esperada de quem nunca tinha passado por situações limites, como a proximidade da morte, como eu tinha e que o Rosa me ajudou a vislumbrar...

Ê Rosa!Relendo seu texto lembrei novamente que se trata de uma alegoria da vida... um dia, como Riobaldo, a gente encontra alguém que te dá um prazer de companhia “como nunca por ninguém tinha sentido”e vai seguindo com essa pessoa em canoa nas águas brandas do rio de Janeiro até que:

com pouco, chegávamos no do-Chico. O senhor surja: é de repentemente, aquela terrível água de largura: imensidade. Medo maior que se tem, é de vir canoando num ribeirãozinho, e dar, sem espera, no corpo dum rio grande. Até pelo mudar. A feiúra com que o São Francisco puxa, se moendo todo barrento vermelho, recebe para si o de-janeiro, quase só um rego verde só. – “Daqui vamos voltar?” – eu pedi, ansiado. O menino não me olhou – porque já tinha estado me olhando, como estava. – “Para quê?” – ele simples perguntou, em descanso de paz. O canoeiro, que remava, em pé, foi quem se riu, decerto de mim. Aí o menino mesmo avançação enorme roda-a-roda – o que até hoje, minha vida, avistei, de maior, foi aquele rio. Aquele, daquele dia...

Eu já vivi esse medo um dia e lembrava do ensinamento do menino “carece de ter coragem”


Quando releio não posso deixar de dizer: PARA MIM ESSA É A OBRA PRIMA DA LITERATURA!

segunda-feira, 30 de março de 2009

AO FINAL SOBRAM APENAS RESTOS CHEIOS DE SIGNIFICADOS...

Minha vida nunca foi cheia de coisas e agora estou perdendo lenta e gradativamente tudo o que eu achei que tivesse! Mas sobram restos cheios de significados: aquela última rosa desabrochando, última lua cheia impactante, último debate de idéias caloroso, última canção ao violão, última cachaça, último presente... não mais aconteceu (e acho que não mais acontecerá), mas seus significados estão comigo e sempre estarão... uma pena eu não ter vivido esses momentos finais, uma pena.
Enquanto isso, vou me escondendo atrás de um escudo de mil palavras vazias, ininterruptas e enfadonhas (porque não possuem mais paixão nenhuma)... e me pergunto: Para quê continuar viva, então?
Perguntar não ofende, né?
Leiamos Bandeira e sua coleção de elementos ausentes, mas cheios de significados:

Canção do Vento e da Minha Vida- Manuel Bandeira

O vento varria as folhas,
O vento varria os frutos,
O vento varria as flores...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,
O vento varria as músicas,
O vento varria os aromas...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os sonhos
E varria as amizades...
O vento varria as mulheres...
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De afetos e de mulheres

O vento varria os meses
E varria os teus sorrisos...
O vento varria tudo!
E a minha vida ficava
Cada vez mais cheia
De tudo.

sábado, 28 de março de 2009

BOM EM "QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?" É QUANDO TERMINA!



Como todos sabem, eu não ando emocionalmente muito bem: as “mortes” não acabam mais e o luto dói crescentemente. Aí ontem eu tinha que esperar a "bagatela "de 5 horas na Paulista, fazendo o quê? Restou o cineminha... Nem escolhi o filme, assisti o que o horário permitiu, nem pensei em escolher um melhor, nem nada... afinal eu estava no Playarte do Center 3, no qual SEMPRE TEM ALGUM ADOLESCENTE MALA, que fala e come pipoca o filme todo, não dando chance de você se concentrar no filme, puff! Mas eu ia ver "Quem Quer Ser um Milionário?", vencedor do Oscar, essa papagaiada toda, achei que ia dar até para ficar irritada com os teens... Nem deu, ao final concluí que ouvir o barulho das vozes e da pipoca na boca deles era mais legal que o filme! O filme tem todo um aspecto diferentão, admito, nele a pobreza aparece com cerca de um quilo a menos de maquiagem do que o normal, mas no fundo é um bom filme de Hollywood... (disse Hollywood, não Bollywood - onde são fabricados os filmes indianos – mundo que o filme ensaiou representar). Resumindo, o enredo é péssimo (mais um folhetim!), os atores são péssimos e feios quando adultos (o que foi claramente comentado pelos teens ao final da sessão), e além da pobreza com mais cara de realidade, o que se salvou do filme foi a dança indiana, meio Michael Jackson Trhiler brega e divertida no final, isso sem falar do belo lenço amarelo da mocinha!
Assim não dá pra uma moça que optou não ir ao cinema desde uns aninhos voltar ao hábito! Tô péssima, né? 100% fechada para a vida! Sorry!Se você está melhor que eu, encare o final do filme:

quinta-feira, 26 de março de 2009

Mais um link do Cadernos de Saramago

Desta vez ele escreve sobre a questão racial. O texto é excelente, mais uma vez...

quarta-feira, 25 de março de 2009

SE EU QUISER FALAR COM DEUS...

E no começo desse ano eu não queria mesmo, eu quase deixei de acreditar nele!
Eu achei que eu tinha chegado ao fim da estrada, pois o findar não deu em nada do que eu pensava encontrar...Foi só uma fase na nossa busca por Deus, que o Riobaldo explicou (nesse trecho que o Boldrin fala nesse vídeo), mas especialmente na música do Gil, que sempre me emociona:Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Se eu quiser falar com Deus

segunda-feira, 23 de março de 2009

PORQUE A GENTE NÃO SABE O LUGAR CERTO DE COLOCAR O DESEJO...

Que eu pensei em estudar Nelson Rodrigues, há uns anos atrás...
Achei esse vídeo maravilhoso, com a música de Caetano para a obra de Nelson...
Vejamos:

domingo, 22 de março de 2009

PRETINHOSIDADE

De 2006 para 2007 eu ouvia muito o disco da Martinália... gostava demais da música Pretinhosidade, por causa dela eu queria, desde 2007, achar alguém que visse aqui uma pretinhosidade...isso eu ainda não achei, mas no ano passado eu vi em alguém a maior pretinhosidade de todas! Mas ser vista, ainda não fui. Quando eu ouço novamente essa música me dá até uma leve vontade de me abrir para isso de verdade de novo, mas aí olho aqui para dentro e tá tudo ocupado: tem que limpar e como eu falei para ELE ontem : NISSO DE DEIXAR ELE DE LADO EU SOU UM COMPLETO FRACASSO!
Então fico escutando:

sábado, 21 de março de 2009

JUSTO EU, QUE NUNCA GOSTEI DE CACHORROS...

É verdade, nunca gostei de cachorros ( barulhentos, invasivos e fedorentos demais...)
Entretanto eu tenho pensado que talvez eu estivesse há longos vinte e nove anos espeando a vinda do CÃO CONTANTE, personagem da Jangada de Pedra, o que leva embora a ponta do fio de lã azul da meia que Maria Guavaira tecia e quando volta, trás consigo Joaquim Sassa, o homem que consegue enxergá-la a partir de dentro, e descobre a mulher mais bonita entre todas, tão bonita que só mesmo ele ele poderia ter visualizado!
Novamente estória de Conto de fada, porque sem imaginação a vida só tem gosto amargo!
E também, os cachorros devem ter alguma coisa de bom, né?
Sei lá, por enquanto em minha vida, nada de cachorro, fio azul muito menos príncipe que descubra algo de realmente belo no meu mundo!

terça-feira, 17 de março de 2009

DEIXANDO AS MARCAS DO PROCESSO...

Ainda sobre a revisão da minha dissertação de mestrado, assistindo ao vídeo da defesa e lendo as considerações à margem da cópia da professora Susana, percebi que eu não defendi uma idéia maravilhosa que eu tentei exercitar, mas não me ocorreu explicar no dia. Vejamos do que eu estou falando:
A professora dizia que eu levantava muitas questões, mas não me aprofundava em nenhuma delas! Isso eu esperava que alguém dissesse e tinha a resposta pronta na língua : Uma dissertação de mestrado tem como objetivo indicar portas possíveis para a continuidade nas pesquisas sobre o tema e não entrar em alguma delas para aprofundamento, até pelo pouco tempo disponível. Desenvolver as hipóteses ficaria para outos trabalhos, meus (ao que tudo indica meu doutorado vai ser o desenvolvimento de uma das possibilidades levantadas em meu mestrado), mas também podem ser idéias para o trabalho de outras pessoas, eis a pesquisa científica. Certo, ela compreendeu.
Mas uma coisa que ela perguntou e eu achei tão surpreendente que nem respondi direito foi: "Você escolheu as três estórias de tutaméia sobre as quais se debruçar porque elas tratam do tema da migração?"
Eu respondi que não, e não mesmo eu só fui descobrir que elas três tratavam da migração depois de longo caminho de tradução e interpretação do texto de Rosa, inicialmente os meus motivos foram outros... Aí, como eu vejo no vídeo, expliquei porque tinha escolhido aquelas estórias e o assunto foi para outro lado, então acabei deixando de responder algo legal: O que aconteceu foi uma coisa que seria esperada de uma historiadora ginzburginiana (como um dia eu irei ser): Não parti com idéias previamente definidas (tipo escolher os textos porque sei que eles apresentam determinado elemento...) , fui descobrindo seus elementos e estabelendo conexões ou rupturas ao longo da pesquisa. Claro, como boa aprendiz de Ginzburg, não apaguei essas marcas no meu texto. A idéia era que não restasse dúvida nenhuma sobre o fato daquilo ser uma narrativa produzida em um determinado momento de uma pesquisa na área de história, por isso comento abertamente as dificuldades encontradas, as perguntas que não foram respondidas ainda e a narrativa não é propriamente linear, com começo meio e fim concebidos previamente e com ligações previamente demarcadas...como ela é um texto científico, suas conclusões são sempre passíveis de questionamentos ou mesmo de superação.
É por isso que algumas recomendações feitas pela professora eu não acatei (como a indicação de algums obras que, no momento em que pesquisa estava sendo feita eu não tomei contato e seria leviano da minha parte indicá-las como se eu as tivesse estudado e considerado que não eram passíveis de comentários maiores...
Como estamos vivos para que possamos formular nossas narrativas pessoais, bastente singulares, que também chamamos História, esta dissertação deve ser precisamente um retrato da Camila, a moça que entre os anos de 2000 e 2009 estudou História e Tutaméia e ninguém mais a faria como eu a fiz, com os mesmo momentos brilhantes e rasos, com a mesma paixão ou indignação.
Tenho dito.

segunda-feira, 16 de março de 2009

DEPRESSÃO

PRA VARIAR. DISSERAM QUE IA PASSAR, MAS LÁ SE VÃO 07 LONGOS MESES.
PAREM O MUNDO QUE EU QUERO DESCER!

domingo, 15 de março de 2009

UM POST MARAVILHOSO

Não sou de fazer propaganda de posts de outros blogs, isso porque eu não sou propriamente uma leitora assídua de blogs, apesar de acompanhar alguns ( que significa conferir diariamente as últimas atualizaçãoes, mas muito dificilmente eu acesso o link para ler o texto completo, admito).
Uma atualização no blog do Saramago, no dia 11 de março, parecia merecer ser lida com atenção, coisa que eu só fui fazer hoje ... e não me arrependi!
Saramago falava sobre a beleza do sentimento de SOLIDARIEDADE, que ele exergava vivo em sociedades que foram vítimas de crueldades e anulações violentas, como a argentina e a espanhola. Penso que esse fenômeno - de aprender a ser melhor com experiências cruéis - não se deu no Brasil, porque aqui a herança da ditadura militar, por exemplo, sempre foi, é, e sempre será marcada pela tentativa de anular ou diminuir a intensidade da questão, quando no fundo alguns poucos dentre nós sabemos bem quanto de resquício nossa mentalidade ainda carrega daqueles momentos. Acho que quem pode abrir os olhos das pessoas são os professores (não só eles...). Quando eu dei aulas de sociologia, no ano passado, eu tratei bastante da herança da Ditadura Militar e a relação com a idéia da solidariedade...
Se eu tinha cerca de 100 alunos, considerarei um luxo se ao menos 10 se lembrarem dessas questões no futuro (na verdade, pra mim 1 que seja já é lucro). O que não pode acontecer nunca é deixar de alertar a quem puder, quando puder, sobre coisas que aconteceram, estão acontecendo e acontecerão, por debaixo dos panos....
Nessa travessia escritores como Saramago me acompanham. Confiram a beleza do que ele escreveu aqui!

sábado, 14 de março de 2009

MINHA DEFESA DE MESTRADO OU O LANCE DOS ESQUEMAS

ESTOU TRABALHANDO DURO NA REVISÃO DO TEXTO DA MINHA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO, MAS NÃO QUERO DEIXAR DE FALAR DA DEFESA, AINDA TENHO COISAS A DIZER, COMO NÃO ESTÁ DANDO TEMPO, EU POSTO AQUI O TEXTO QUE EU FALEI NO COMEÇO DO EVENTO, PARA QUE QUEM NÃO LEU O TEXTO INTEGRAL(MAIORIA) SOUBESSE UM POUCO DO QUE EU ESTAVA FALANDO. AGORA TODOS MEUS LEITORES PODERÃO SABER:

"A dissertação procura encontrar um lugar legítimo para a história em Tutaméia, livro que Guimarães Rosa publicou em 1967

NA INTRODUÇÃO que chamei Mãos vazias e pássaros voando – Começo contando a anedota da desativação da Estrada de Ferro Bahia Minas, em 1966, que foi tema de muitos discursos artísticos e memorialísticos, nenhum historiográfico. Eu li essa narrativa como a do contexto imediato de escrita e publicação de Tutaméia. Aqui explico o título do trabalho, que é uma desconstrução do dito popular "melhor um pássaro na mão do que dois voando", que foi usado no texto de Rosa para comentar tentativas de anulação da dificuldade em sobreviver quando pouca ou nenhuma oportunidade é ofertada e as pessoas acabam sobrevivendo com "mãos vazias", mas os pássaros da imaginação continuam voando.
NO CAPÍTULO 1 que chamei A História nas Estórias - insiro os dois temas centrais do trabalho: as relações entre História e Literatura em Guimarães Rosa e o objeto de estudo que é o livro Tutaméia. Isso foi abordado a partir do que encontrei nos cerca de 101 textos de recepção do volume ainda nos anos 60 - que estão disponíveis no Fundo Guimarães Rosa no IEB USP - e também no que encontrei sobre História na Fortuna Crítica rosiana em geral. Também falei das idéias de alguns teóricos que se debruçaram sobre o tema da relação entre os diversos tipos de narrativa (como a historiografia e a anedota) e apontei a temática lúdica e infantil que observei em Tutaméia.
NO CAPÍTULO 2 que chamei A Hora da palavra – me debrucei sobre a linguagem de três estórias escolhidas, em dois momentos para cada uma– no primeiro momento fiz uma paráfrase explicativa para que no segundo momento pudesse apresentar minha interpretação. Para Lá, nas campinas interpreto a partir da temática da memória; para Os três homens e o boi dos três homens que inventaram um boi interpreto a partir da temática da invenção; para Palhaço da boca verde interpreto a partir da temática da temática da não-história. Correlata a essas análises, indiquei relações com outras formas interpretativas do texto rosiano, como a música. Ao final, apontei a necessidade de abordar detalhadamente as formas representativas ficcionais usadas por Guimarães Rosa para entender as relações entre a história e a ficção nessa obra.
NO CAPÍTULO 3: que chamei As mãos vazias: Estórias da história do sertão –tratei mais profundamente dos discursos sobre o sertão rosiano, que, na época da escrita de Rosa , já estava em fase de desgaste de todas as suas expressões tradicionais. Considerei igualmente os processos de esvaziamento registrados: anulações ecológicas, históricas e culturais, que fizeram com que as personagens optassem pela migração para garantir sua sobrevivência. Para abordar esse tema, parti das representações das tradições sertanejas e depois tratei das recriações ficcionais das modificações ou mesmo anulações que nelas foram sentidas.
NO CAPÍTULO 4: que chamei Pássaros voando - Por que e como ainda narrar estórias? - retorno a um dos temas abordados no primeiro capítulo: a importância de narrar e as dificuldades de executar este exercício. Tratei de algumas idéias de pensadores importantes sobre o tema do declínio da legitimidade da história no século XX, sobre a filosofia da linguagem, bem como das suas possíveis relações com o texto de Tutaméia e com a temática do humor.
NA CONCLUSÃO que chamei Nem mãos vazias, nem pássaros voando: invariáveis projetos? – voltei a tratar da anedota da desativação da Estrada de Ferro Bahia- Minas e as dificuldades de representação e vivência no sertão mineiro, tema da na introdução destacando a opção constante de projetar saídas definitivas para o cenário de privações que identificamos em meu recorte nas estórias de Tutaméia. "

quarta-feira, 11 de março de 2009

MINHA DEFESA DE MESTRADO OU A HISTÓRIA DA CIGARRA E DA FORMIGA, MAIS OU MENOS

Pois então, passadas algumas horas da minha defesa (detesto ser perguntada quando ainda estou em estado de tensão...), acho que já posso tentar formular algum comentário sobre o ocorrido. Minha banca - escolhida a dedo - trazia os nomes que mais me chamaram a atenção em dois quesitos fundamentais: Susana Lages e a opção pelo caminho do estudo da linguagem e Willi Bolle com o suas idéias fenomenais sobre Rosa e a história. Ambos foram ótimos, mas gosto de pensar nas perspectivas que cada um utilizou. Se Bolle deu um show, agradou a todos porque é genial, tem uma cultura de tirar o fôlego e é a pessoa mais sedutora que eu já conheci na vida (todos ficaram seduzidos por ele, suas brincadeiras e erudição)... incrível! A Susana também foi ótima, mas a abordagem dela é diferente, ela presta atenção nos processos do trabalho e oferece ferramentas para que eu me saia melhor nesse aspecto. Hoje concluo que eu não poderia ter escolhido uma banca melhor, pois com ela descobri que ao contrário da que reza a moral da fábula de Esopo, nem a cigarra, nem a formiga saem individualmente vitoriosos ... é preciso que tenhamos os dois lados para que consigamos obter os melhores resultados possíveis. Eu, por exemplo, mergulhei nas perspectivas encantadoras de Bolle, mas sempre com os alertas "de mãe" de Susana, para que eu não seja afogada pelas idéias maravilhosas e pela minha paixão pelo tema.
Tenho muito a aprender ainda, claro, mas uma coisa eu vi que já aprendi: Escolher ao lado de que tipo de pessoas eu quero continuar a caminhada.

terça-feira, 10 de março de 2009

NA CONCLUSÃO...


Defendi meu mestrado ontem. Parece que a cerimônia foi agradável, e os amigos mais queridos assistiram e devem ter gostado, pois foi engraçada e densa. Fui aprovada pelo trabalho com Guimarães Rosa, mas saí pensado em Drummond e não quis comemorar como comemorei tanto as defesas de outros...
"Saí pensando na morte, mas a morte não chegava.

Andei pelas cinco ruas, passei ponte, passei rio,
visitei vossos parentes, não comia, não falava,
tive uma febre terçã, mas a morte não chegava.
Fiquei fora de perigo, fiquei de cabeça branca,
perdi meus dentes, meus olhos, costurei, lavei, fiz doce,
minhas mãos se escalavraram, meus anéis se dispersaram,
minha corrente de ouro pagou conta de farmácia.
Vosso pai sumiu no mundo. O mundo é grande e pequeno."
Como a morte não chegava, ao invés de um bar com companheiros, "comemorei" na academia , fazendo esteira até não conseguir mais, para dormir e deixar que o novo dia chegasse, mesmo que com brilho fraco, e para não abandonar Drummond, em nome dos amigos queridos que estiveram comigo fisicamente ou não, lembro do Elefante, que é um dos meus favoritos:
"E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual muito desmontado.
Amanhã recomeço."
Recomeço? Não sei...

sábado, 7 de março de 2009

PROCURANDO O SENTIDO DA VIDA EM OUTROS PLANETAS ...


Essa imagem deslumbrante, traz a sensacional legenda :
"O foguete Delta II partiu levando a Kepler em busca de outros planetas como a Terra".
Isso me lembrou o Pequeno Príncipe, que viajou por outos planetas em busca do que era seu, de um lugar ao qual pertecesse, mas descobriu que o sentido de dua vida estava mesmo no seu país, no que ele sentia como dele.

Eu gostaria de viajar pelo espaço, em busca de ou outro planeta que fosse semelhante ao meu pessoal, quem sabe um dia, não é?

sexta-feira, 6 de março de 2009

POR QUE FOI TÃO BOM?

Daqui alguns dias eu defendo meu mestrado em História, sobre Tutaméia.
Termino com certa melancolia, saudade grande de tudo de bom que foi. E foi viu!
Com meu mestrado eu mergulhei fundo no universo de Guimarães Rosa, aquele autor que eu amava mas que, quando me formei em História, achava impossível estudá-lo, a não ser que eu mudase de departamento, ou que ficasse tentanto relações diretas entre Literatura e História. Como a segunda opção eu não faria de jeito nenhum, eu tentei a primeira e entrei no mestrado em 2005, pela Teoria Literária, mas logo vi que precisava voltar para casa e pedi transferência, a partir disso achei meu ninho com os pesquisadores de História da Cultura e comecei a viver toda a graça de estar no Mestrado: Apresentações, eventos, discussões, leituras inesquecíveis, O CEPE/USP,cursos fundamentais e, sobretudo, contatos, pois além de cérebros pensantes, somos também seres humanos.
Foram muitas risadas, muitas lágrimas (de emoção e de tanto rir), muita energia positiva e agora estou concluindo tudo e como disse eu orientador : AGORA É SÓ FESTEJAR !
E ESSA VISTÓRIA, SÓ EU SEI DE QUE TAMANHO É!

MEMÓRIA E CANÇÃO...

Ontem eu fui a terapia de manhã e depois fiquei esperando uma amiga no sofá do café da Livraria Cultura, por volta das 13 horas. Fazia muito calor, como sempre, e eu estava com uma energia levemente alegre, depois de muito tempo, nem lembro dede quando e não sei o que me trouxe essa brisa leve... só sei que ontem eu me dei conta dela quando no MP3 tocava a música que adoro da Elba Ramalho,como se alguma coisa me dissesse: "Você tem o mundo nas mãos, usufrua!"
Pena ter durando tão pouco, mas a memória e a canção (E por que não a ilusão?) permanecem:




terça-feira, 3 de março de 2009

URGENTE: ato contra a Folha de S.Paulo em 7 de março às 10 horas

"Em 17/02/2009, a Folha de S. Paulo publicou o editorial “Limites a Chavez” (http://www1.
folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1702200901.htm) desqualificando a Revolução Bolivariana de Hugo Chávez, em favor do regime militar no Brasil. Segundo o texto, “as chamadas ‘ditabrandas’ — caso do Brasil entre 1964 e 1985 — partiam de uma ruptura institucional e depois preservavam ou instituíam formas controladas de disputa política e acesso à Justiça”.

Uma enxurrada de cartas e e-mails de protesto foram enviados ao jornal. Segue trechos dos que foram publicados na coluna Painel do Leitor, e em seguida, a nota da redação, reiterando a sua posição em defesa da ditadura, e inclusive desqualificando as manifestações de indignação dos professores Fábio Konder Comparato e Maria Benevides.

Ditadura

“Golpe de Estado dado por militares derrubando um governo eleito democraticamente, cassação de representantes eleitos pelo povo, fechamento do Congresso, cancelamento de eleições, cassação e exílio de professores universitários, suspensão do instituto do habeas corpus, tortura e morte de dezenas, quiçá de centenas, de opositores que não se opunham ao regime pelas armas (Vladimir Herzog, Manuel Fiel Filho, por exemplo) e tantos outros muitos desmandos e violações do Estado de Direito.
Li no editorial da Folha de hoje que isso consta entre “as chamadas ditabrandas -caso do Brasil entre 1964 e 1985″ (sic). Termo este que jamais havia visto ser usado.
A partir de que ponto uma “ditabranda”, um neologismo detestável e inverídico, vira o que de fato é? Quantos mortos, quantos desaparecidos e quantos expatriados são necessários para uma “ditabranda” ser chamada de ditadura? O que acontece com este jornal?
É a “novilíngua”?
Lamentável, mas profundamente lamentável mesmo, especialmente para quem viveu e enterrou seus mortos naqueles anos de chumbo.
É um tapa na cara da história da nação e uma vergonha para este diário.”
SERGIO PINHEIRO LOPES (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Na comparação com outros regimes instalados na região no período, a ditadura brasileira apresentou níveis baixos de violência política e institucional.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1902200910.htm


Ditadura

“Lamentável o uso da palavra “ditabranda” no editorial “Limites a Chávez” (Opinião, 17/2) e vergonhosa a Nota da Redação à manifestação do leitor Sérgio Pinheiro Lopes (”Painel do Leitor”, ontem). Quer dizer que a violência política e institucional da ditadura brasileira foi em nível “comparativamente baixo’? Que palhaçada é essa? Quanto de violência é admissível? No grande “Julgamento em Nuremberg” (1961), o personagem de Spencer Tracy diz ao juiz nazista que alegava que não sabia que o horror havia atingido o nível que atingira: “Isso aconteceu quando você condenou à morte o primeiro homem que você sabia que era inocente”. A Folha deveria ter vergonha em relativizar a violência. Será que não é por isso que ela se manifesta de forma cada vez maior nos estádios, nas universidades e nas ruas?”
MAURICIO CIDADE BROGGIATO (Rio Grande, RS)

“Inacreditável. A Redação da Folha inventou um ditadômetro, que mede o grau de violência de um período de exceção. Funciona assim: se o redator foi ou teve vítimas envolvidas, será ditadura; se o contrário, será ditabranda. Nos dois casos, todos nós seremos burros.”
LUIZ SERENINI PRADO (Goiânia, GO)

“Com certeza o leitor Sérgio Pinheiro Lopes não entendeu o neologismo “ditabranda”, pois se referia ao regime militar que não colocou ninguém no “paredón” nem sacrificou com pena de morte intelectuais, artistas e políticos, como fazem as verdadeiras ditaduras. Quando muito, foram exilados e prosperaram no estrangeiro, socorridos por companheiros de esquerda ou por seus próprios méritos. Tivemos uma ditadura à brasileira, com troca de presidentes, que não vergaram uniforme e colocaram terno e gravata, alçando o país a ser a oitava economia do mundo, onde a violência não existia na rua, ameaçando a todos, indistintamente, como hoje. Só sofreu quem cometeu crimes contra o regime e contra a pessoa humana, por provocação, roubo, sequestro e justiçamentos. O senhor Pinheiro deveria agradecer aos militares e civis que salvaram a nação da outra ditadura, que não seria a “ditabranda”.”
PAULO MARCOS G. LUSTOZA , capitão-de-mar-e-guerra reformado (Rio de Janeiro, RJ)

“Mas o que é isso? Que infâmia é essa de chamar os anos terríveis da repressão de “ditabranda’? Quando se trata de violação de direitos humanos, a medida é uma só: a dignidade de cada um e de todos, sem comparar “importâncias” e estatísticas. Pelo mesmo critério do editorial da Folha, poderíamos dizer que a escravidão no Brasil foi “doce” se comparada com a de outros países, porque aqui a casa-grande estabelecia laços íntimos com a senzala -que horror!”
MARIA VICTORIA DE MESQUITA BENEVIDES , professora da Faculdade de Educação da USP (São Paulo, SP)

“O leitor Sérgio Pinheiro Lopes tem carradas de razão. O autor do vergonhoso editorial de 17 de fevereiro, bem como o diretor que o aprovou, deveriam ser condenados a ficar de joelhos em praça pública e pedir perdão ao povo brasileiro, cuja dignidade foi descaradamente enxovalhada. Podemos brincar com tudo, menos com o respeito devido à pessoa humana.”
FÁBIO KONDER COMPARATO , professor universitário aposentado e advogado (São Paulo, SP)

Nota da Redação - A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua “indignação” é obviamente cínica e mentirosa.
http://www1.
folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2002200910.htm


Em virtude desta vergonhosa defesa da ditadura, haverá um ato contra a Folha de S.Paulo em 7 de março, sábado, às 10 horas. A manifestação vai ocorrer em frente à sede do jornal, na rua Barão de Limeira.

Este ato está sendo organizado pela organização não-governamental Movimento dos Sem-Mídia (MSM), fundada em 2007 e presidida por Eduardo Guimarães, e já conta com a adesão do Fórum Permanente de Ex-Presos e Perseguidos Políticos de São Paulo, o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo, além de professores da USP e da Unicamp, e amplamente divulgado na rede (http://blogln.ning.com/forum/topics/proposicao-de-ato-publico-1, http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2009/02/441766.shtml, http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/benevides-vai-ao-ato-de-repudio-a-folha/
http://www.vermelho
.org.br/base.asp?texto=0&tipoTexto=2&desTexto=0&sintese=ok&cat=354&ex=hist)

Segue link de texto da Profa. Maria Victoria de Mesquita Benevides, publicado na Carta Capital desta semana: http://www.cartacap
ital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=3462

Link do Blog Cidadania, do Eduardo Guimarães: http://edu.guim.
blog.uol.com.br/arch2009-02-22_2009-02-28.html"

O Caderno de Saramago


Quando eu pesquisava José Saramago eu adorava os livros que ele escrevia, mas ele, como pessoa, me cansava um pouco porque ele sempre tinha alguma opinião polêmica a ser emitida, eu costumava brincar dizendo que se eu o encontrasse e perguntasse sua opinião sobre um briga de comadres da minha rua, ele a expressaria na hora! (rs)
Isso me cansava muito, até porque ele sempre foi muio claro, até um pouco previsível, em suas perspectivas... eu queria o mistério, o inacessível, aí chutei o balde e fui estudar Guimarães Rosa!
Eis que fiquei sabendo agora que o Saramago, depois da
Viagem do Elefante, agora também tem um blog, que chamou O Caderno de Saramago.
Achei que fez todo o sentido, afinal este senhor sempre quis expressar suas opiniões e para que servem os blogs, se não para isso? Linkei ele aqui no
Pequenidades e vou acompanhar suas postagens, mas se eu bem me conheço, vai ser ruim de eu ficar acessando todo momento... o trauma foi grande!
Até o momento ele, pelo que dei uma observada, no auge dos seus 87 anos e recentemente saído de um sério problema de saúde que deu origem ao seu último e excente livro, parece estar em forma, posicionando-se e até soltando informaçãoes fragmentárias sobre um novo livro que está escrevendo (que já tem título e este é composto por apenas uma palavra, que ele não revela ainda, claro ...). Como diria um amigo meu : "Ele tá animado"...

segunda-feira, 2 de março de 2009

É HORA DE RECOMEÇAR A TRAVESSIA?

Ando em um estado de constante angústia,deseperador! Não sabia se alguma coisa ia me salvar dessa sensação de afogamento... pensei que seria o projeto de doutorado (nem a pau!), pensei que fosse o romance de Saramago (até foi, mas acabou ... e agora?), pensei que fossem os livros deliciosos sobre crianças (aventuras de Alice, Pinóquio...muito leves para combater tanta angústia).
Aí, se deu... Precisei entrar em contato novamente com a fundamental entrevista de Willi Bolle, feita em 2005, que foi ponto chave que eu construísse minha leitur da obra de Guimarães Rosa. Ele falava novamente das forças morizes do "Grande Sertão: Veredas": medo coragem + amor = travessia!
Aquele texto me deu forças para ultrapassaro o pior momento de minha vida, porque não reler o Grande Sertão: Veredas agora?Por que não recomeçar a travessia?
Mas e o ânimo?

domingo, 1 de março de 2009

Mil e uma noites: Refinamento da sexualidade!


Na semana passada eu assisti a defesa do mestrado de uma amiga em Letras Orientais. Ela estudou o discurso da sexualidade nas Mil e uma noites e outros textos da época, seu objetivo era enxergar como esses textos formaram uma idéia de sexualidade na cultura árabe... ela percebeu que para seu olhar ocidental, era evidente a diferença de perspectiva, pois naquela cultura não havia tantos pudores, desde os mitos de fundamento da cultura árabe...
Um lance bacana pacas...
Um tema me chamou a atenção especialmente, a busca por um refinamento da idéia de corpo que procurava o prazer -claro - mas o objetivo final era sempre tocar uma espera além do corpo, quando não se desejava um corpo, mas se desejava AQUELE CORPO... eis a paixão!
Bonito, clichê, óbvio, mas poucos buscaram pelo nascimento da expressão desse sentimento como elemento fundador de toda uma cultura!
Só o que eu tenho a dizer sobre isso é : MAS COMO DÓI!